4.25.2004

As Palavras de Abril




Nem sei bem onde andava, provavelmente numa escolha árdua por uns pais que me aturassem; mas o 25 de Abril de 1974 é algo bem presente na minha vida. Por todas as histórias relatadas e vividas pelas pessoas que me rodeiam diariamente. Vivo-o praticamente como se o tivesse vivido na altura. Mas, como é óbvio, cá da meia altura dos meus 22 anos anos é impossível! Ainda tive o prazer de conhecer uma das figuras mais emblemáticas da data: José Afonso. Se é que isso é possível, é a ele que dedico este meu post!

"E no fundo para lembrar
que Abril não acabou;
Pois não é só uma data
mas o Futuro que começou"

Este é o excerto dum livro de José Jorge Letria, de seu título "O Cravo de Abril". Um livro que descreve a história de um molho de cravos em pleno dia 25 de Abril de 1975. Este é um livro sem grandes ideologias políticas, cada um tira as suas ilações. No fundo, estão bem retratadas as figuras que construiram um "futuro novo". Gosto especialmente desta quadra e tive o prazer de a ter dito em palco na véspera das comemorações dos 30 anos de Democracia. O GTI Palmo e Meio faz por não esquecer..... Agora, esperemos que Portugal não esqueça os que fizeram esta luta!
Aos mais novos, que se tentem cultivar.... Pelo menos que tentem saber o que significam as datas relevantes do nosso país! Isto, para que daqui a uns dias, alguém não faça de novo um poema como este:

"Meu amor vive lá longe
onde não posso chegar
ataram-me pés e mãos
como a hei-de ir buscar?

Meu amor não ama as flores
desde que sou degredado
prefere mandar-me pedras
sabe que sou mal tratado.

Hei-de fazer uma flor
com pedras da minha cela
pra dizer ao meu amor
que luto também por ela.

Prenderam o meu amor
que tudo quis verdadeiro
e rasgou os versos ledos
dum passado aventureiro.

Fez-se um dia trovador
de cantigas de má sorte
quando descreu do sossego
e se libertou da morte.

Um dia falou a cantar
meu amor desta maneira:
Vamos matar esta guerra
Que Nos mata a vida inteira!"


Dúvido que alguém conheça o autor deste poema, mas seja como for, aquilo que passou, certamente nenhum de nós quererá passar! No ano transacto foi um dos versos que li no espectáculo "Palavras de Abril", dedicado àqueles que nos abriram os olhos, através dos ouvidos!
E já agora não esqueçam: NO CHÃO DO MEDO TOMBAM OS VENCIDOS! Se tantos houve que enfrentaram muito mais, porque não arregaçamos as mangas e vamos à luta por aquilo que queremos. Seja aquilo que for.... Haja o que houver...

Sintam-se...... Libertados!

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