5.29.2006

Rasga o que há de mais bonito na poesia, nos sentimentos... Rasga o corpo de alto a baixo, quando nos diz tanto de nós, deixando-nos em retalhos.





Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza


Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!



Sintam-se...

7 comentários:

trigolimpofarinh@mparo disse...

O amor é paciente, é bondoso; a amor não é invejoso, não é arrogante, não se ensoberbece, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...

beijos

M&M disse...

Escolheste uma das letras que mais gosto na musica portuguesa. E eu para letras só bastante "chato" e exigente. Até com as minhas...
Não me viste na UBP porque não tenho ido lá, mas está para breve. Basta recuperar-me que voltarei.
tens andado por lá?
Beijos.

Miguel

Jorge Moniz disse...

Grande Ary...

Mac Adame disse...

Este poema, se nunca foi musicado, devia sê-lo. Acho que funcionava bem, tem o ritmo certo. Se eu fosse compositor, apostava nele.

Mac Adame disse...

P.S.: Ah, reparei agora, pelos comentários anteriores, que tem mesmo uma música associada. E que é do Ary. Bem me parecia. E juro que não sabia.

Anónimo disse...

É,realmente singular...numa jornada sem deriva ou carta de marear,suceder nestas palavras...e sentindo-as transversalmente na voz do Carlos do Carmo...Grande fonte...grande Ary...
O blog está mto mto bonito...
bjs

*LáMenor* disse...

Um dos meus poemas favoritos! :') N imaginas cmo m diz tanto!!! :))

Beijo Grand**