8.25.2006

Na TERRA DOS SONHOS enquanto CHOVIA [revisitado]

Já não há canções nem histórias de amor como havia antigamente!!! Disse Vasco em voz alta, acabando por se acordar a ele mesmo. Abriu os olhos vivaços e estranhamente estremunhados, esfregou os mesmos com as mãos e questionou-se sobre aquele lugar familiar, mas ao mesmo tempo tão estranho em que se encontrava.

Abrimos o tempo, uma fechada muralha. Atravessamos uma clareira. O que é, é muitas vezes um fantasma, uma falha na imagem...

Foi precisamente o que acontecera a Vasco... Tudo não passara dum sonho... Atravessou uma clareira de ilusões e reviveu os fantasmas vindos do mar que lhe trouxeram Leonor num dia menos claro em que se abriu um tempo novo... E talvez, um novo Vasco.
Já era assim há alguns dias. Todas as noites Leonor salta do seu Mundo para dentro dos sonhos dele. Entra devagarinho como quem põe umas nuvens nos pés e transforma tudo em azul.

Lá fora CHOVIA. Era um dia duma Primavera a roçar Verão, mas de uma forma enganosa, pois deveria estar Sol e tal não se passava. CHOVIA. Não estava quente como era suposto. CHOVIA. O vento também se faz sentir e não trouxe nada de novo. "CHOVIA que Deus a dava" e não se esperava que parasse. O Boletim Meteorológico havia-se enganado mais uma vez.

Oscilamos sobre uma corda de tempo e avançamos sem olhar para baixo, o intervalo mínimo, o instante que foi agora.

Estava decidido. Ía transformar um instante longínquo num momento próximo, através dum telefonema. Vasco espera terminar com os seus pesadelos cor-de-rosa, mas faltam-lhe as frases essenciais para iniciar tal telefonema...

- 'Tou Leonor? Daqui é o Vasco! (Estupidez... Ela vai-me perguntar: Mas que Vasco?)
- Estou? Leonor? Olá, tudo bem? Estou a ligar porque me deste o teu número! (Vai pensar que sou parvo! Ou algum infeliz... E já agora que seja parvo, mas feliz!)
- Está, Leonor? Está Leonor, estou Leonor??? Leonor??? (AH AH AH!!! Tou doido!!!)


Ela entra com o cabelo a pingar. Sacode o casaco com um gesto muito próprio e ligeiramente dançarino e senta-se... Bebe o seu café, fuma o cigarro de cor azul (só para ser original) e senta-se esperando que o tempo se desfie e lhe traga ares da praia.
Era um fim de tarde como tantos outros até ao momento em que ele chega, entra e se senta…
Não precisaram trocar palavras. Naquele lugar escuro e cheio de fumo, a lembrar uma qualquer imagem infernal, encontrou-a. E ela, encontrando-o, perdeu-se.
Naquele fim de tarde, entre cigarros e néctares amarelados havia ruídos feitos de silêncios, passos apressados em cima das nuvens que acabaram por trazer Leonor até Vasco mais uma vez; olhos que só se cruzavam numa direcção porque só assim fazia sentido. Porque era assim que tinha de ser...


Não há coincidências???


Eles não sabem. Mas sentiram-se... Assustados.

4 comentários:

Mac Adame disse...

Muito bem. É impressão minha ou este blogue está muito diferente, tanto nos textos como, sobretudo, no visual?

trigolimpofarinh@mparo disse...

Olha, uma reedição de uma das mais belas histórias jamais inventadas pela mente humana onde uma das suas personagens romperá, numa próxima lua, à existência da sua grandiosa realidade.

Beijos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Aprendiz de Viajante disse...

Desculpa, enganei-me aqui em cima, não assinei correctamente e publiquei com erros de digitalização. ( Se puderes... apaga se faz favor)


Gostei muito de te conhecer...
realmente, não há coincidências, tudo tem um propósito, mesmo que escondido!

Um bjo