3.28.2008

acamarrados


quando o silêncio se torna na dor que ocupa o corpo, é preciso libertá-lo de forma cruel e desesperante. a ligação entre um pai e uma filha que nunca o foi. uma cama entre paredes demasiado estreitas. o debitar de palavras acelaradas. o silêncio que precisa de ser ocupado com palavras. um beijo e boa noite.



Um pai e uma filha presos a uma cama suja. Cada um deles conta compulsivamente a sua história: o pai fala da ascensão e queda no Empório de Mobília Robinson, a filha de um dia de passeio na praia, das histórias que a mãe lhe lia - do que quer que seja, desde que encha o silêncio. Até que as histórias se cruzam, neste momento e nesta cama, onde é tudo frenético, cruel e feio, mas onde talvez seja finalmente possível uma verdadeira conversa entre os dois, e talvez consigam então parar e dormir.



o que é que eu sou se não for palavras? sou o espaço vazio, é o que eu sou.

1 comentário:

Morgainne disse...

Bem, parece que o teatro foi bom, pelo menos tinha alma!

No vazio também se vive, temos é de aprender a preenchê-lo!