10.26.2008

um dos primeiros livros que li, ainda tudo era um conjunto de letras sem sentido, foi os cús de judas, de antónio lobo antunes. tinha uns sete anos. não mais. li-o às escondidas apenas porque tinha uma senhora nua de costas e uma série de soldados à sua frente. a capa era sugestiva. o livro também, de certeza, mas não me lembro. foi dos primeiros livros que li e tinha sete anos. passa a fazer parte das minhas memórias de infância.


hoje, faz dez anos que um de seus grandes amigos partiu -quem deixa obra nunca morre. josé cardoso pires também tinha lugar na estante. a balada da praia dos cães estava mesmo ao lado. talvez por se admirarem tanto. também eu os admiro. porque marcam, porque ferem, porque sentem. de profundis valsa lenta foi um embate com a doença, com a morte. gosto de o reler. a ele, vou gostar sempre de o ler.






'as suas virtudes ou os seus males só podem ser reconhecidos como significantes sentimentais em contraponto com a consciência da nossa identidade, isto é, com a tradição da comunicação que praticamos com a sociedade e com a nossa memória cultural. A ele tal coisa estava-lhe vedada, memória onde tu já ias. Daí a total indiferença em que navegava à tona das comoções e dos afectos, uma indiferença extrema que, sucedesse o que sucedesse , não o levava a perturbar nem ao de leve a disciplina do ambiente. Na verdade, não sabia de todo onde se encontrava, a razão era essa.'




agora, está em todo o lado.

1 comentário:

rspiff disse...

Nunca li nenhum dos dois, a minha leitura sempre foi tão desordenada. Noutro dia vi o Lobo Antunes na televisão. Impressionou-me (já não é a primeira vez) ouvi-lo, principalmente a capacidade de transformar um ar carregado num sorriso sereno. Acho que é porque está a ouvir as perguntas e a pensar, antes de dar uma resposta sincera.