1.27.2005

Faz Sentido No Meu Sistema Solar...

Sentimentos banais constroem a alegria da vida. Esta, busca-se em cada momento grave, agudo, exdrúxulo da existência humana. No Boletim Meteorológico preve-se de tudo! Neste sistema solar, apenas faz sentido o dia de Sol que vem aí amanhã... E depois... E depois... E.... Depois.... Mesmo que este não se veja, por um qualquer eclipse na acentuação!




Eu tenho um certo gozo em ver-te contente
Já sei que o meu sentimento é banal
Mas nem por isso o que eu digo
A meu ver é menos importante

Às vezes apetece-me oferecer-te um presente
Mas nem sempre calha
E quando calha é quase sempre
Aparentemente insignificante

Por exemplo gostava de te dar uma paisagem
Com camelos e mar ao fundo
Maravilhosa e serena
Tranquilamente estimulante

Mas como pintor sou um desastre
E como economista ainda mais decepcionante
Mesmo assim eu insisto em fazer parte
Do teu mundo

O boletim meteorológico anunciou calor
Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar

Imagina que eu sou um ilusionista
Que arranca coisas do chão, do chapéu, do coração
Talvez assim vejas em mim um homem novo
Todo elegante

O que na verdade sou e a verdade
Pode ser elevada à coisa sonhada
Reinventada por muito se querer
E eu quero ser o teu amante

Desta vez vou construir uma cama de espuma
Adequada à função de voar
Com limpa-pára-nuvens
Mesmo à altura do teu olhar

Se for preciso um pára-quedas arranjamos
Uns milagres em bom estado prontos a usar
Se achares que não valeu a pena, aí lamento
Mas não posso mesmo concordar

O boletim meteorológico anunciou calor
Não vou duvidar
Faz sentido no meu sistema solar


Boletim Meteorológico - Jorge Palma

Sente-te.... Exclamativo!!!!!!

1 comentário:

trigolimpofarinh@mparo disse...

Olha essa nuvem que tu já conheces
Ela é negra e carrega de novo na tua cabeça
Ameaçando o desfecho feliz
Que tu tinhas já alinhavado para a tua peça
Porque será que ela teima em voltar
Sempre que as coisas parecem ir bem?
Se ao menos fosse possível saber
De que paragens é que ela vem...
Olha essa conta que batia certa
E onde agora há uma parte que já não parece caber
Como a imagem que tu adoravas
Ao sol, na cozinha ou na cama
- Onde é que a vais esconder?
Porque será que ela teima em falhar
Quando afinal tudo podia ir bem?
Se ao menos fosse possível saber
De que paragens o erro vem...
(O doutor vai dar conta do sintoma
talvez tenhas que ficar alguns dias de cama
há-de-se arranjar maneira de te equilibrar a tensão
mas quem é que vai conseguir chegar à origem do drama?)
Vê a ambição e o lucro acenando
Do alto da estátua orgulhosa por ser de granito
Vê o instinto de posse alastrando
Como a espuma da onda que afoga o náufrago aflito
Será que existe algum bom movimento
Neste momento em que nada vai bem?
Se ao menos fosse possível saber
De que paragens a culpa vem...
(O doutor vai dar conta do sintoma
talvez tenhas que ficar alguns dias de cama
há-de-se arranjar maneira de te equilibrar a tensão
mas quem é que vai conseguir chegar à origem do drama?)
Há cansaço no ar, amargura no chão
Há tristeza nas torres de gente
Há dureza nos olhos, nos rostos, nos punhos
Da multidão desconfiada
E isso não ajuda nada...
Não ajuda mesmo nada...
E isso não ajuda nada...
Não ajuda mesmo nada...
E isso não ajuda nada...

“A origem do drama”, Jorge Palma