1.28.2005

Sopram ventos de leste




Vai atrás de ti sem saber porquê.

Sem saber de onde vens, qual o nome pelo qual te chamam, sem saber o que queres. Apenas ouve uma voz contrária à dos outros, que a empurra para aquele olhar que a prende. Prende-a numa ténue linha que separa o dever do querer, mas que existe e está lá. Tão ténue quanto uma viga que segura a mais elaborada das casas, a mais segura, a mais próxima, a maior, mais bonita… Uma viga apenas observável por quem a quer e consegue ver. Ela, não sendo arquitecta, consegue ver o que aquela simples barra visivelmente invisível consegue segurar. Segurando, segura uma vida tão azul, quanto cinzenta, dependendo do estado do mar. Aquela viga servirá no futuro para a albergar das tempestades da linha da vida, muitas vezes transformada num rio desvairado. Sopram ventos adversos, deitam abaixo a casinha do mais frágil dos porquinhos, mas ela saberá sempre que a viga da casinha grande está LÁ!

Não foram palavras eloquentes que a fizeram seguir aquele caminho, não foram grandes gestos minimamente estudados, não foram teres ou pareceres... Foram interiores vestidos de púrpura; aquele coração que todos trazemos no peito e que muitas vezes se coloca entre mãos. E ali, entre mãos, muitas vezes ela o sente bater. O dela, o dele...

Pum Pum pumpum Pum...

Assim, ritmado como uma qualquer melodia improvisada, mas tão bem controlada... Foi esse que a seguiu, iluminado por dois faróis que lhe luzem sem ofuscar e pelos quais gosta de se guiar: Norte, Sul, Este, Oeste. Tanto faz! Tanto faz, pois nem foi preciso trocar uma palavra para saber que ele estava LÁ no caminho certo. Estavam lá os dois e mais ninguém. Continuam na vida lado a lado, como café e chocolate; como o vento leste nas ondas do mar... Estão lá, mesmo que mais ninguém saiba. Ela fala-lhe mesmo que mais ninguém ouça. Encontram-se em todas as frechas de liberdade existentes. E ela grita-lhe, muda:

AMO O FAROL QUE ME GUIA E AS ONDAS DO MAR QUE ME ENROLAM!!!!!

Aparentemente mais ninguém ouve aquele grito mudo. Mas não importa...

1 comentário:

trigolimpofarinh@mparo disse...

Vale a pena ver
castelos no mar alto
Vale a pena dar o salto
p’ra dentro do barco
rumo à maravilha
e pé ante pé desembarcar na ilha
Pássaros com cores que nunca vi
que o arco-íris queria para si
eu vi
o que quis ver afinal
É tão bom uma amizade (…) assim
Ai, faz tão bem saber com quem contar
Eu quero ir ver quem em quer assim
É bom p’ra mim e é bom p’ra quem tão bem me quer
Vale a pena ver
o mundo aqui do alto
vale a pena dar o salto
Daqui vê-se tudo
às mil maravilhas
na terra as montanhas e o mar as ilhas
Queremos ir à lua mas voltar
convém dar a curva
sem se derrapar
na avenida do luar

Porque “é tão bom”