2.08.2005

Uma "Permuta de Palavras"

Sentiu-lhe o cheiro a novo. Aquele cheiro que nos inunda quando entramos pela livraria moderna. O odor da biblioteca é diferente. Lá exalam-se folhas velhas e amarelecidas pelo tempo, encadernadas por cartões que já não se lhes conhece a cor.

Seguiu pelo longo corredor fora, a passo apressado, maior que as pernas, o que lhe valeu um tropeção na passadeira azul raramente aspirada. Hoje aquele lugar parecia-lhe não ter fim, quando em alguns dias já lhe parecera tão curto. O som das máquinas ruía tísico aos seus ouvidos. “Um dia será o meu”, pensava ele para com os bolsos da sua camisa.

E era, naquele dia, era o seu livro que estava pronto a sair para a tal livraria de ar moderno, esperando o seu futuro promissor na Biblioteca Nacional.

Ainda não sendo o tempo, mas porque há quem o mereça um dia. “PERMUTA DE PALAVRAS”, como já lhe chamaram, por Trigolimpofarinhparo:


Fita Métrica do Amor




Como se mede uma pessoa?
Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.
Ela é enorme quando fala do que leu e viveu, quando trata com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravadamente.
É pequena quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante quando se interessa pela sua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha em conjunto.
É pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos e clichés.
A mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições?
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos.
O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de acções e reacções, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma...
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho; o som que provoca em nós, correspondendo com um tremendo feed-back.


em www.trigolimpofarinhamparo.blogspot.com


Sintam-se literários...

1 comentário:

trigolimpofarinh@mparo disse...

Obrigado pela “campanha literária”.

Que esta permuta não fique somente pelas palavras, que seja também vitalícia; de muitos anos luz e de muitas luzes – talvez da ribalta, para ti… porque com Intro’s assim - como as tuas - é bem capaz de se concretizar essa iluminação.