7.01.2005

O Silêncio E Todas As Coisas...


Foto By Xein

"... Amo o silêncio. Amo a ausência de vozes, de barulhos excessivos e do ruído de todos os dias. Amo a quietude das coisas, o som do vento, o rumor vegetal das folhas das árvores, o fim da tarde, o vagar do mar, o torpor do poente. Amo o tempo e as coisas de Deus..." De um Deus qualquer, do meu Deus interior que me comanda e me ajuda a ser uma pessoa melhor e torna as coisas mais simples tão perfeitas...

Que um dia todos sejamos pássaros ou tenhamos asas para olhar o Mundo de cima e ver o que fazemos dele. Que um dia ascendamos aos céus do Planeta Mãe para o acarinharmos com os olhos e com braços gigantes vamos acarinhar todos os que precisam. Com a cesta imensa vamos alimentar os que não têm. Com a mão amiga, vamos acariciar os que não têm um qualquer amor e segredar-lhes que lá em cima.... Existem estrelas sem fim....


Ao entardecer tudo muda... "O tempo breve em que o silêncio e todas as coisas me falam de Deus."
Mesmo que me custe acreditar nele.



Silêncio é a palavra que habita, que palpita
Toda a música que faço.
É a cidade onde aportam os navios
Cheio de sons, de distância, de cansaço.
É esta rua onde despida a valentia
A cobardia se embriaga pelo aço.
É o sórdido cinema onde penetro
E encoberto me devolvo ao teu regaço.
É a luz que incendeia as minhas veias,
Os fantasmas que se soltam no olhar,
Que te acompanham nos lugares onde passeias,
É o porto onde me perco a respirar.
Silêncio são os gritos de mil gruas,
E o som eterno das barcaças
Que chiando navegam pelas ruas,
E dos rostos que se escondem nas vidraças.
Quem me dera poder conhecer
Esse silêncio que trazes em ti,
Quem me dera poder encontrar
O silêncio que trazes por mim.
Pelo silêncio se mata,
Por silêncio se morre,
Tens o meu sangue nas veias,
Será que é por mim que ele corre?
Somos dois estranhos
Perdidos na paz,
Em busca de silêncio
Sozinhos demais,
Somos dois momentos,
Dois ventos cansados,
Em busca da memória
De tempos passados.
Silêncio é o rio que esconde
O odor de um prédio enegrecido,
O asfalto que me assalta quando paro,
Assomado por um corpo já vencido.
Silêncio são as luzes que se apagam
Pela noite, na aurora já despida,
E os homens e mulheres que na esquina
Trocam prazeres, virtudes, talvez Sida.
Silêncio é o branco do papel
E o negro pálido da mão,
É a sombra que se esvai feita poema,
Num grafitti que é gazela ou leão.
Silêncio são as escadas do metro
Onde poetas se mascaram de videntes,
Silêncio é o crack que circula
Entre as ruas eleitas confidentes.
Quem me dera poder conhecer
Esse silêncio que trazes em ti,
Quem me dera poder encontrar
O silêncio que trazes por mim.
Pelo silêncio se mata,
Por silêncio se morre,
Tens o meu sangue nas veias,
Será que é por mim que ele corre?
Silêncio é este espaço que há em mim,
Onde me escondo para chorar e ser chorado,
É o pincel que se desfaz na tua boca,
Em qualquer doca do teu seio decotado.


(Pedro Abrunhosa)



Sintam-se.... Em Silêncio.......


ATÉ BREVE!

9 comentários:

M de M disse...

(silêncio)

Eu sonho muitas vezes que consigo voar...e a sensação é indescritível! voo sentindo a energia da natureza em silêncio.

(Tempo)

Dizem que o tempo muda as coisas, mas na realidade somos nós próprios quem tem de as mudar.

(Sonho)

É o que continuo a desejar a todos os que me rodeiam...

Anónimo disse...

até que enfim...novidades por estas bandas. bons textos, melhores fotos, lindos poemas.

beijos

rspiff disse...

...eu também amo o fim de tarde...

Inspiras-me...

Anónimo disse...

enfim......
olha, sabes o que te digo?
andam meia duzia de parvos e idiotas uteis a publicar livros, a fazer blogs e a editar maravilhas da puta que os pariu, e que nada adiantam à pátria lusa.
mas enfim, eu tenho mau feitio e fígado curto.
cada vez gosto mais de mim e dos meus....como tu.
a tristeza maior é descobrir que nesta terra a mediocridade progride e a ciência das palavras, entre a lágrima e a boémia anda de calcanhar ao joelho, escondida e encardida.
bah...
continuo a insultá-los e compro-lhes os livros para lhes cuspir na face.
é bom, acredita.
morre-se de barriga cheia.
mil beijos e viva a escrita

trigolimpofarinh@mparo disse...

Sobre as ondas da vida, no vozear do vento e da água, os teus pensamentos flutuam e bailam como ninguém.
Agora que o sol se pôs e o céu escuro cai sobre o mar, como pestanas sobre os olhos cansados, arranca-se murmúrios no silêncio da mais profunda ferida interior.

Mesmo no silêncio dos olhos confessa-se a palavra que devia ser como no cinema, onde a língua inglesa fica sempre bem e nunca atraiçoa ninguém.

Mas para que os teus pensamentos não se afundem no abismo, no segredo eterno do silêncio, expressa sempre todas as palavras mesmo que a voz não te deixe.

Assim, externamente, até sempre… sente-te eternamente

indigente andrajoso disse...

SILÊNCIO:

do Lat. silentiu

s. m.,
estado de quem se abstém de falar;
taciturnidade;
privação voluntária do falar;
abstenção de publicar qualquer notícia ou facto;
ausência de ruído;
interrupção de correspondência;
omissão de explicações;
sossego;
segredo;
toque nos quartéis e conventos, depois do recolher;

interj.,
caluda!.




silêncio é gritar mudo de pulmões cheios

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

O silêncio faz-se de mãos mudas a espalhar-se por um corpo de tempo, acariciando um rosto sem nome que nos oferece um sorriso que iremos lembrar sempre...

beijos

(uma muito agradável descoberta para mim também)

where you hide disse...

adoro a calma do isolamento destas palavras.

p.s. tenho andado a procura de trabalho não tenho tido tempo para posts. Até tenho tado por aí todos os dias.
Hoje actualizarei o meu blog. até breve

dinorah disse...

Sou uma fã incondicional do silêncio. Por vezes até viciada... Mesmo em público, mesmo rodeada de gente, conheço "o gosto de estar só nomeio da multidão"...

Adorei a foto! parabéns!
bjs