
Já não há canções nem histórias de amor como havia antigamente!!! Disse Vasco em voz alta, acabando por se acordar a ele mesmo. Abriu os olhos vivaços e estranhamente estremunhados, esfregou os mesmos com as mãos e questionou-se sobre aquele lugar familiar, mas ao mesmo tempo tão estranho em que se encontrava.
Abrimos o tempo, uma fechada muralha. Atravessamos uma clareira. O que é, é muitas vezes um fantasma, uma falha na imagem...
Foi precisamente o que acontecera a Vasco... Tudo não passara dum sonho... Atravessou uma clareira de ilusões e reviveu os fantasmas vindos do mar que lhe trouxeram Leonor num dia menos claro em que se abriu um tempo novo... E talvez, um novo Vasco.
Já era assim há alguns dias. Todas as noites Leonor salta do seu Mundo para dentro dos sonhos dele. Entra devagarinho como quem põe umas nuvens nos pés e transforma tudo em azul.
Lá fora CHOVIA. Era um dia duma Primavera a roçar Verão, mas de uma forma enganosa, pois deveria estar Sol e tal não se passava. CHOVIA. Não estava quente como era suposto. CHOVIA. O vento também se faz sentir e não trouxe nada de novo. "CHOVIA que Deus a dava" e não se esperava que parasse. O Boletim Meteorológico havia-se enganado mais uma vez.
Oscilamos sobre uma corda de tempo e avançamos sem olhar para baixo, o intervalo mínimo, o instante que foi agora.
Estava decidido. Ía transformar um instante longínquo num momento próximo, através dum telefonema. Vasco espera terminar com os seus pesadelos cor-de-rosa, mas faltam-lhe as frases essenciais para iniciar tal telefonema...
- 'Tou Leonor? Daqui é o Vasco! (Estupidez... Ela vai-me perguntar: Mas que Vasco?)
- Estou? Leonor? Olá, tudo bem? Estou a ligar porque me deste o teu número! (Vai pensar que sou parvo! Ou algum infeliz... E já agora que seja parvo, mas feliz!)
- Está, Leonor? Está Leonor, estou Leonor??? Leonor??? (AH AH AH!!! Tou doido!!!)
Ela entra com o cabelo a pingar. Sacode o casaco com um gesto muito próprio e ligeiramente dançarino e senta-se... Bebe o seu café, fuma o cigarro de cor azul (só para ser original) e senta-se esperando que o tempo se desfie e lhe traga ares da praia.
Era um fim de tarde como tantos outros até ao momento em que ele chega, entra e se senta…
Não precisaram trocar palavras. Naquele lugar escuro e cheio de fumo, a lembrar uma qualquer imagem infernal, encontrou-a. E ela, encontrando-o, perdeu-se.
Naquele fim de tarde, entre cigarros e néctares amarelados havia ruídos feitos de silêncios, passos apressados em cima das nuvens que acabaram por trazer Leonor até Vasco mais uma vez; olhos que só se cruzavam numa direcção porque só assim fazia sentido. Porque era assim que tinha de ser...
Não há coincidências???
Eles não sabem. Mas sentiram-se... Assustados.
4 comentários:
Ao consultar o boletim meteorológico, Vasco depara-se com “períodos de chuva nas regiões do Norte e do Centro, por vezes moderada no Minho, Douro Litoral, Beira Litoral e Beira Alta, passando, a partir da tarde, a regime de aguaceiros em geral fracos.”
Suspira ao som de: chuva?!? Suspira mais uma vez, sem som mas com um forte pensamento: Leonor, onde estás que eu não vejo?
A temperatura desce abruptamente e dá-se um arrepio. Por instantes, sonha acordado. Sonha em encontros onde os olhos só se cruzavam numa direcção – a dela!
- Será que vivemos esta coincidência?
Não sabe, mas sentiu-se… e nisto o telemóvel vibra:
[Mensagem]
Xein=Inês?? Será a mesma xein com que trocava impressões musicais no msn? Quem diria q a viria a re-encontrar aqui??
No words... :) simplesmente arrepiei-me com o texto... só isso! "senti..." :)
Continua!
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