
Sobe as escadas lentamente...
Eram uns degraus estreitos e íngremes, duros como só eles, que levavam a uma janela pequena virada para o rio. Ficava enquadrada no tecto esconso do sótão onde a sua avó guardava as linhas com que se cozia.
Pequena, subia para ver os barcos passar e sentir aquele cheiro que era diferente ao tempo de férias. Ali, avistava o mundo agitado bem do alto, como se o dominasse e pudesse alterar o seu destino. Acreditava, inclusive, que fazia trovejar, cada vez que o eléctrico 28 passava e tinha a felicidade de ver a faísca da sua corrente.
- Zanguem-se os Deuses!!!, dizia, enquanto atirava mais umas migalhas aos pardalitos que saltitavam mesmo à sua beira.
Ela gostava era dos gatos, mas atirava a receita de pão desfeito aos pássaros na esperança de lhe aparecer um belo gato no dia que for "mais maior grande".
- Não é avó?
Sintam-se.... Enternecidos....
2 comentários:
Miau… frum, frum!
Mais um delicioso texto, do qual, regular e impacientemente, nos tens vindo a habituar.
E, agora na primeira pessoa, dá-me um imenso prazer dizer: ainda bem que, perdido na noite, fui bater à porta certa.
toda a gente fala de gatos...está decidido, noutra realidade vou ter um gato :-)
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